terça-feira, 16 de outubro de 2007

FASE 2 - Seminário (1a. Etapa)

Na primeira etapa da FASE 2 do Projeto foi realizado o SEMINÁRIO SOBRE AGROEXTRATIVISMO NO CERRADO em Brasília –DF durante 2 dias.

Estiveram presentes aproximadamente 30 pessoas distribuídas nas diversas etapas da cadeia produtiva e representantes de outros segmentos que permeiam a cadeia, como governo, ONG e Instituições de Pesquisa.

Durante o primeiro dia de seminário foram abordados vários temas como:


- USO DO CERRADO EM PÉ: fonte de alimento e geração de renda para agricultores familiares, com a participação da bióloga aposentada da EMBRAPA CERRADOS, Semíramis Pedrosa de Almeida, que trabalhou mais de 25 anos com esse tema e com comunidades, promovendo cursos e acumulando informações sobre as atividades agroextrativistas desenvolvidas no Bioma Cerrado;


- COLETA DE FRUTOS DO CERRADO: onde o presidente da AGENDAS de Colinas do Sul, Alan Cardcs, expôs as formas e dificuldades encontradas na coleta do Baru e Buriti;


- CADEIA PRODUTIVA DO BARU: tema exposto pela Engenheira Florestal, Noara Pimentel, mestranda da Universidade de Brasília que desenvolve estudos e ensaios da produtividade do Baru em comunidades de Pirenópolis;


- BENEFICIAMENTO E PROCESSAMENTO DE FRUTOS NO CERRADO: tema abordado pelo Consultor da Escola Agrotécnica e Ceres, Nicodemos Camilo Ferreira, professor que trabalha com espécies de Cerrado a mais de 12 anos e que tem uma microempresa de picolés do Cerrado;


- PLANTAS MEDICINAIS DO CERRADO: tema exposto pelo representante da Farmácia Santa Efigênia, de Goiânia, Saulo Fernandes de Oliveira, que está encontrando dificuldades na comercialização dessas plantas, devido aos altíssimos custos de laboratório exigidos pela Vigilância Sanitária;


- PRODUTOS DO CERRADO E CONTROLE DE QUALIDADE E PRODUÇÃO: onde o representante do Serviço de Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR de Planaltina-DF, Ailton Guilherme de Lucena, falou sobre os cursos prestados para a comunidade tais como chocolate de jatobá, sorvete de buriti e sobre como desidratar e secar frutas.

Durante as exposições dos temas os participantes contribuíram com suas experiências enriquecendo os debates e contribuindo com aspectos positivos e negativos de suas atividades, principalmente nas etapas de coleta e beneficiamento de produtos.

No segundo dia o primeiro tema abordado foi a COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS AGROEXTRATIVISTAS DO CERRADO, tema exposto pelo Zootecnista e coordenador do Projeto de Comercialização do Instituto, Sociedade População e Natureza – ISPN, Luis Carrazza, que vem trabalhado desde 2001 no desenvolvimento de atividades agroextrativistas com comunidades do Cerrado envolvendo 14 estados, priorizando os que fazem parte deste bioma como MT, MS, GO,MG, TO, MA e outros, apoiando a produção e comercialização através do PPP-ECOS (Programas de Pequenos Projetos Ecossociais). Através de sua exposição foi possível confirmar que um dos principais gargalos da cadeia produtiva de produtos do Cerrado é a comercialização, seguidas das normas e exigências da vigilância sanitária e legislação ambiental.

Na seqüência de exposições, o empresário da Sorveteria Milka de frutos do Cerrado, Clóvis José de Almeida, falou sobre a INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DO CERRADO, mostrando sua experiência com vendas de picolés e sorvetes do Cerrado. Produz 56 tipos de picolés de diferentes espécies do Cerrado como cagaita, mangaba, araticum, guapeva, mutamba, cajuzinho, pequi, jatobá, cajá, murici, taperepá e tantas outros. Chega a vender 14.000 picolés por dia e encontra dificuldades não na comercialização, mas sim, em encontrar os frutos do cerrado, que estão se acabando devido ao avanço do agronegócio, desmatamentos e queimadas.

Em seguida o Coordenador Geral de Relações Institucionais da Secretaria de Centro-Oeste - Ministério da Integração Nacional – SCO/MIN, Agnaldo Moraes, apresentou os temas COOPERAR PARA COMPETIR (Arranjos Produtivos Locais) e COOPERATIVISMO E ASSOCIATIVISMO temas de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade agroextrativista.

Ainda foram abordados temas como a IMPORTÂNCIA DO COOPERATIVISMO PARA A ORGANIZAÇÃO DO AGROEXTRATIVISMO - Projeto de Apicultura em Itauçu-GO, um estudo de caso da atividade de apicultura que deu certo no município de Itauçu-GO, exposto pela Técnica da Gerência de Produção Sustentável da SEMARH-GO, Narcisa Andréia de Souza Santa Bárbara. Importante ressaltar que para o desenvolvimento da atividade apícola é necessária a conservação de áreas do Cerrado, com espécies apícolas como angicos, cagaita, aroeira e outras, onde as abelhas possam fabricar o mel, evitando queimadas e desmatamentos que dificultam a atividade.

O último tema abordado foi a LEGISLAÇÃO AMBIENTAL onde a técnica da Agência Ambiental de Goiás, Suzete Araújo Pequeno, apresentou as Leis existentes relacionadas ao agroextrativismo, como o Código Florestal, Resoluções CONAMA, Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza – SNUC, Legislação Estadual como a Política Florestal Estadual de Goiás, Portarias da Agência Ambiental (Guariroba, outros), Sistema Estadual de Unidades de Conservação –SEUC, enfatizou as Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente e concluiu expondo que a legislação trata mais sobre a exploração da madeira e que falta normatização para os produtos do Cerrado em pé, ou não madeireiros. É necessário pesquisar sobre os impactos sobre a fauna e a flora, quanto coletar por espécie e em que intervalo, locais de coleta, autorizações para coleta em propriedades particulares, necessidade de discutir o tema com práticas para se chegar a proposições concretas e as vantagens sobre o desmatamento.

Para encerrar o seminário foi feita uma RODADA DE NEGÓCIOS com simulação de vendas de produtos e as principais regiões que comercializam. Após esta atividade o grupo foi divido em quatro, para trabalhar as principais atividades e gargalos encontrados nas etapas da cadeia produtiva. Dessa forma foram realizadas oficinas de construção (os 2 dias seguintes) para as etapas de Coleta, Beneficiamento, Industrialização e Comercialização.

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Este espaço é um fórum de discussão para a construção participativa de uma Metodologia para Capacitação de Agroextrativistas do Cerrado. É um Projeto desenvolvido pela Ecodata, em convênio com o PNQ/FAT/Ministério do Trabalho e Emprego desde dezembro de 2006. Atualmente, o projeto mantém convênio com o Ministério da Integração/SUDECO.

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